Kabengele Munanga
Professor Titular, Universidade de São Paulo
Diretor, Centro de Estudos Africanos da USP
“(...) ecoa dentro
de muitos brasileiros, uma voz muito forte que grita; “não somos racistas, os
racistas são os outros, americanos e sul-africanos brancos”. Essa voz forte e
poderosa é o que costumamos chamar “mito de democracia racial brasileira”, que
funciona como uma crença, uma verdadeira realidade, uma ordem.”
“As diferenças
percebidas entre “nós” e os “outros” constituem o ponto de partida para a
formação de diversos tipos de preconceitos, de práticas de discriminação e de
construção das ideologias delas decorrentes.”
“As várias formas
de preconceitos que descrevemos podem levar a várias formas de discriminação
(...). As discriminações têm diversas maneiras de se expressar: evitação,
rejeição verbal (piada, brincadeira e injúria), agressão ou violência física,
segregação especial e tratamento desigual.”
“(...) a discriminação no sentido restrito do
termo significa a passagem de uma simples atitude preconceituosa à uma ação
observável e às vezes mensurável. A ação é praticada quando a igualdade de
tratamento é negada a uma pessoa ou grupos de pessoas em razão de sua origem
econômica, sexual, religiosa, étnica, racial, lingüística, nacional, etc.
diferente da origem do discriminador.”